A CPFL adquiriu 66,08% do capital social da Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), do Rio Grande do Sul, em leilão de privatização ocorrido nesta sexta-feira (16) na B3.
O lance foi de R$ 2,67 bilhões, representando um ágio de 57,13% em relação ao valor mínimo de R$ 1,7 bilhão.
A CEEE-T é responsável pela operação e manutenção de mais de 6 mil quilômetros (km) de linhas (5.900 km próprios) e mais de 15.700 estruturas de transmissão (quase 15.300 próprias) que cobrem todo o estado do Rio Grande do Sul, com um total de 69 subestações.
Porém, há um detalhe curioso. A CPFL, que é uma empresa de origem brasileira, pertence à State Grid Brazil Power Participações S.A. (SGBH), a qual detém 63% de suas ações. A SGBH, por sua vez, é uma subsidiária da State Grid Corporation of China, empresa estatal chinesa responsável pela maior parte da operação da rede elétrica do país asiático.

Isso torna bastante peculiar a privatização feita pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). A aquisição feita por uma empresa controlada por uma Estatal de uma país dito comunista vai de encontro com os argumentos que defendem o processo de desestatização.
Em outras palavras, se o objetivo é melhorar a eficiência de uma empresa a partir de sua transferência para um ente privado, o que dizer de um processo de privatização em que uma empresa estatal é vendida para uma companhia controlada por uma estatal de outro país?
O que é a CPFL, nova dona da CEEE?
Nascia, assim, em 16 de novembro de 1912, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) a partir da fusão de quatro companhias (Empresa Força e Luz de Botucatu, Empresa Força e Luz de São Manoel, Empresa Força e Luz de Agudos-Pederneiras e Companhia Elétrica do Oeste de São Paulo).

Em 1927, a empresa passou do controle privado nacional ao controle estrangeiro através da venda à empresa American & Foreign Power, pertencente a uma subsidiária da General Electric, permanecendo sob seu controle até 1964, quando foi estatizada e encampada pela Eletrobrás.
Em 1975, teve o controle acionário repassado à CESP (Companhia Energética de São Paulo), pertencente ao governo de São Paulo. A empresa se manteve sob controle estatal até novembro de 1997, quando foi privatizada e repassada aos seus controladores na época, o Grupo VBC (Grupo Votorantim, Bradesco e Camargo Correa), além de fundos de pensão, tais como a Previ e a Bonaire Participações (que reúne (Funcesp, Sistel, Petros e Sabesprev).
A partir dessa privatização houve desmembramentos das regionais e novas regionais foram criadas para melhor redimensionamento e atendimento a população.
Em 2007, o Bradesco, através da holding Bradespar vendeu as ações da VBC.
Em 2009, a Camargo Corrêa comprou as ações da VBC que pertencia a Votorantim, tornando-se, o único acionista da holding.
Atualmente, a CPFL faz parte da empresa chinesa State Grid Corporation desde 2017.